Retirada de Congos e Caiapós
Nesta segunda-feira, 11, de maio, no inicio da tarde, o Mestre Bucha,
coordenou a retirada dos Caiapós e Congos, do meio da mata na Fonte dos Amores.
A Associação de
Congos e Caiapós de Poços de Caldas foi criada no dia dezesseis de outubro de
dois mil e um 2001, numa reunião no Pálace Casino com a presença de
representantes dos ternos de Congos de Poços de Caldas. A finalidade da
Associação é de fortalecer e apoiar a Festa de São Benedito, nas suas tradições
e obrigações de fé em primeiro lugar. O objetivo primeiro é de não deixar
acabar a tradição dos congos e caiapós e apoiar todas as suas iniciativas.
Nesta reunião estavam presentes os representantes dos seguintes ternos de
congos: São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo, São
Gerônimo e Santa Bárbara.
A LENDA
O Caiapó é um folguedo popular, que relembra as tradições indígenas e
aparece em Poços de Caldas na Festa de São Benedito. Seus dançadores se
apresentam vestidos com uma saia comprida feita de capim membeca, blusa de pano
coberta de penas de galinha e um cocar colorido na cabeça. Eles pintam o corpo
de azul e vermelho, enfeitam tornozelos e pulsos. Levam na mão arcos, flechas e
espadas de pau.
Suas danças, apesar do ritmo marcado pelos chocalhos, caixas e
reco-recos, não apresentam canto, pois eles alegam que sendo indígenas, só
poderiam cantar em tupi-guarani e não seriam entendidos. Como não falam o
português, preferem ficar mudos. Seus principais personagens são: o
"Chefe" ou "Cacique", os "Flecheiros", os
"Violeiros", o "Meleiro", que simula tirar o mel do solo ou
das árvores e as "Bugrinhas", (caiapozinhos) que, apesar de
protegidas pelos flecheiros, são raptadas por pessoas do povo. Quando as
devolvem, os raptores dão algum dinheiro para o grupo.
Esse bailado existe desde o início da colonização brasileira e sobre sua
origem de dançadores poços-caldenses contam a seguinte lenda:
Na época do Brasil Colônia havia diversas missões jesuíticas espalhadas
pelo país, com a finalidade de catequisar os índios. Na Capitania de São Paulo
um dos padres da Companhia de Jesus sofria de um mal cutâneo incurável. Apesar
de todos os recursos da medicina de então, seu corpo estava coberto de chagas.
Receoso de contaminar seus companheiros ele resolveu abandonar o convívio dos
irmão de congregação e embrenhou-se na selva, infestada de antropófagos.
Tinha andado apenas alguns quilômetros, quando se viu cercado de
temíveis bugres, que o arrastaram através da mata, levando-o para uma taba
nativa. Quando a comitiva chegou, houve grande alvoroço, pois os silvícolas
acreditavam que a carne do padre era santa e se eles a comessem iriam para o
céu. Amarraram então o pobre religioso numa estaca e chamaram o cacique. Este,
após examinar o prisioneiro, mandou chamar o feiticeiro, que surgiu
estranhamente vestido e disse algo ao chefe, apontando para o mato.
Apavorado, pensando que sua hora havia chegado, o sacerdote viu os
índigenas cavarem um profundo buraco, onde colocaram lenha seca e atearam fogo,
cobrindo depois a cova com grades de madeira e folhas. Contudo, ele só foi
levado para lá no dia seguinte, quando o despiram e o fizeram descer na
cavidade. Os naturais da terra cobriram a boca da cova com galhos de árvores,
de modo que o local parecia uma fornalha. Após permanecer ali várias horas,
quando seu corpo estava totalmente coberto de suor, viu que o cacique lhe
lançara um cipó e fazia sinal para que ele subisse. Ao chegar lá em cima, dois
índios o agarraram e jogaram-no dentro do rio, mergulhando-o umas três vezes na
água fria. Levaram-no em seguida para uma palhoça e o deitaram sobre esteiras,
cobrindo-o com penas de aves.
Cansado devido ao tratamento e às emoções vividas durante o dia, o padre
dormiu profundamente e acordou bem disposto e com muita fome. Qual não foi sua
surpresa, quando lhe trouxeram enorme variedade de comidas típicas, que ele
engoliu num instante, com visível satisfação, agradecendo depois as indígenas,
que o observavam. Comunicando-se por gestos soube que os bugres tencionavam
devorá-lo, mas como estava gravemente doente, resolveram curá-lo primeiro. No
entanto, simpatizaram com ele e decidiram libertá-lo.
Após ter repetido algumas vezes o tratamento da fornalha, o jesuíta
pediu aos índios que pertenciam à tribo dos Caiapós, para voltar à missão e
eles o largaram perto da aldeia. Grande foi a alegria de seus companheiros ao
verem-no cheio de saúde e rejuvenescido, quando pensavam que já estivesse
morto. Em sinal de agradecimento, os padres enviaram emissários ao cacique para
convidá-lo a vir com seus homens no arraial, a fim de festejarem o acontecimento.
Os gentios então dançaram na praça defronte a igreja e se irmanaram com os
inacianos, dando graças a Deus. Dali por diante, sempre que havia uma festa
religiosa, os indígenas eram convidados a dançar e devido à denominação da
tribo, a folgança foi batizada com o título de Caiapó.
Desde aquela ocasião o bailado se espalhou pelo Brasil e, apesar das
transformações sofridas durante os séculos, o Caiapó continua a ser dançado em
várias partes do território nacional, homenageando os padroeiros das cidades onde
se localizavam os grupos. Assim o folguedo aparece na Festa de São Benedito
para reverenciar o humilde santo, que pelas suas virtudes conquistou a glória
dos altares.
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