Crise hídrica e mudanças climáticas são
tema de painel
O segundo dia de debates da 45ª Assembleia Nacional da Assemae começou
com o painel “Crise Hídrica no Brasil: Saneamento Ambiental e as Interfaces com
as Mudanças Climáticas e Preservação Hídrica”, coordenado pelo presidente da
Assemae, Sílvio José Marques.
O palestrante Christopher Cunningham, pesquisador e Climatologista do
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) foi
o primeiro a fazer exposição no painel. Ele afirmou que restam poucas dúvidas
sobre o aquecimento anormal do planeta. “Em um planeta mais quente aumenta a
frequência de eventos climáticos extremos como chuvas intensas, ondas de calor
e veranicos.
Ainda de acordo com Christopher, as projeções climáticas, ainda que não
livre de incertezas, são a melhor ferramenta disponível. “Vários autores
concordam em indiar que devido à mudança climática, pode haver uma crise da
água em escala global”, disse. O pesquisador completou dizendo que um sistema
precoce de desastres naturais provocados por extremos climáticos e
hidrometeorológicos é condição básica para a adaptação ao provável aumento
destes extremos, no presente e no futuro.
Já o palestrante Horácio Figueiredo, representante do diretor-presidente
da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, trouxe dados sobre a
crise hídrica no estado de São Paulo. “O sistema Cantareira abastece 5,4
milhões de pessoas e está com 19% da sua capacidade”. Além disso, Horácio
destacou a queda no volume pluviométrico dos últimos anos, o que representa uma
preocupação para o abastecimento naquela região do estado de São Paulo.
De acordo com Horário, a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais,
também está em uma situação desfavorável no que se refere ao abastecimento de
água. Para tentar conter o avanço da crise, o Governo do Estado tomou medidas
legais para diminuir o uso da água. As indústrias, por exemplo, devem reduzir
pelo menos 30% do volume utilizado em suas atividades.
E o representante da ANA alertou para a necessidade de mudanças em
relação ao uso da água. “Estamos vivendo um momento terrível de falta de chuva
em todo o país, isso vai exigir dos senhores, que são tomadores de decisão, uma
postura diferente. A cultura da abundância não é mais possível. Temos que
colocar a água como prioridade na agenda dos prefeitos, estados e Governo
Federal. Temos que refletir sobre o modelo que vivemos”, ressaltou.
José Tadeu da Silva, presidente do Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (Confea) iniciou sua apresentação explicando como é a atuação da
entidade. “O Confea zela pelos interesses sociais e humanos de toda a sociedade
e, com base nisso, regulamenta e fiscaliza o exercício profissional dos que
atuam nas áreas que representa, tendo ainda como referência o respeito ao
cidadão e à natureza”.
Dando contiuidade ao painel, José Tadeu frisou que o Confea lançou, em
2015, a campanha Água é Vida, Energia e Riqueza. “O objetivo é sensibilizar e
informar os conselheiros regionais e profissionais da área tecnológica, que
funcionam como multipicadores de informaçao à sociedade. A campanha foi
intensificada no Dia Mundial da Água, 22 de março”, declarou.
Como ação do Confea em favor do saneamento, o presidente da entidade
falou sobre o convênio de cooperação técnica com a Funasa para a elaboração de
planos de saneamento de 50 municípios baianos, com menos de 50 mil habitantes.
Jamyle Calêncio Grigoletto, analista técnica de Políticas Sociais do
Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
(VIGIAGUA/CGVAM/Ministério da Saúde) foi a última palestrante do painel. A
profissional apresentou aos participantes os feitos da crise hídrica na saúde
da população.
Segundo a palestrante, a estocagem de água em recipientes inadequados e
o abastecimento por carro pipa representam riscos para a saúde humana. “A
armazenagem dentro das casas, sem as condições necessárias para manter a
potabilidade da água tem como resultado doenças causadas por vetores,
desnutrição, diarreia, infecções intestinais, hepatite A, infecções
respiratórias e alergias, entre outros problemas.
A programação da 45ª Assembleia segue até o dia 29 de maio, em Poços de
Caldas, Minas Gerais.
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