ECONOMIA
CONGRESSO EM FOCO
MINISTRO AFIRMA A SENADORES QUE A ALTA DA INFRAÇÃO É PASSAGEIRA
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse a senadores nesta
terça-feira 17, que a alta da inflação é passageira, e que o mercado financeiro
estima queda dos índices inflacionários nos próximos dois anos. No entanto, ao
dizer que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terá redução de 2,5% em
2016, com a promessa de atingir o centro da meta de inflação (4,5%), Barbosa na
prática admite inflação de 7% para este ano, cujo teto fixado é 6,5%.
“O aumento da inflação está sendo percebido como temporário, fruto do
realinhamento de preços. Vamos trazê-la para baixo mais rapidamente do que o
mercado esperava no fim do ano passado, mas não tão rapidamente quanto
gostaríamos”, declarou Barbosa, em audiência pública na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado.
“As expectativas de inflação para os anos seguintes estão iguais ou
menores do que o mercado esperava um ano atrás. Nós estamos trabalhando,
principalmente o ministro [do Banco Central, Alexandre] Tombini, para que essa
inflação recue o quanto antes”, acrescentou o ministro do Planejamento.
Medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
IPCA dos últimos 12 meses ficou em 7,7% – 1,2 ponto percentual acima do teto da
meta (6,5%). Na última semana, o Banco Central (BC) já demonstrou seu desânimo
em relação às metas de inflação ao elevar taxa básica de juros (Selic) para
12,75% ao ano. Responsável pelo controle da inflação, o BC, por meio do Comitê
de Política Monetária (Copom), trabalha com a tendência de alta do IPCA, para
muito além de centro da meta.
Assim, fica contrariado o discurso inicial do governo de que as ajustes
iniciais em 2015 seriam seguidos de um “longo perído de declínio” na alta de
preços. Esse cenário foi desconsiderado na mais recente ata do Copom, que vai
reposicionar seu prognóstico no Relatório Trimestral de Inflação. A expectativa
do mercado financeiro é de IPCA em 7,93%.
Embate
O ministro também falou sobre a alta do dólar,
outro indicativo que tem alarmado a equipe econômica do governo Dilma Rousseff.
Para Barbosa, a moeda norte-americana está sob controle e tem valorização
registrada em todo o mundo. “Quando olhamos para uma série mais longa,
observamos o câmbio de volta ao nível de 2006. O realinhamento [de valor
relativo] ocorre devido a fatores internos e externos. O preço das commodities,
por exemplo, caiu, e o dólar esta subindo no mundo inteiro”, explicou.
Mas a exposição de Barbosa não convenceu a oposição, que logo tratou de
mencionar as promessas de campanha de Dilma, no ano passado, e explorar o
momento turbulento da economia. Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), os
ajustes em curso evidenciam “estelionato eleitoral”.
“A primeira indagação diz respeito aos equívocos, aos erros cometidos
pelo Governo, nos últimos anos, que nos levaram a esta situação de complexidade
econômica. E a indagação é: quais foram esses erros? Quais foram os equívocos
cometidos pelo governo e por que o governo não se antecipou? Porque, na
campanha eleitoral, o Brasil era uma ilha de prosperidade, era o paraíso, não
tínhamos dificuldades. Aqueles mais veementes e ousados traduzem isso como
estelionato eleitoral”, disse o tucano.
Ex-ministra da Casa Civil, a senador Gleisi Hoffmann (PT-PR) retrucou o
colega de estado, fazendo referência à situação do Paraná, capitaneado pelo
governador tucano Beto Richa. Para Gleisi, a oposição ignora números positivos
da gestão petista, como as taxas de emprego, o alcance da política
habitacional, as reservas financeiras internacionais e as concessões para
rodovias e aeroportos.
“O que a presidenta Dilma falava em campanha parece que é o caso que
temos no Estado do Paraná, onde um governo do partido do senador, o governador
Beto Richa, tem uma situação crítica de quebra do Estado. Tomou medidas muito
duras agora, inclusive enfrentando uma greve de 28 dias dos professores não
porque estavam pedindo melhores condições de carreira, mas porque estavam
defendendo direitos que iriam ser tirados das suas carreiras. Com uma intenção
de tirar o fundo de previdência dos servidores, R$ 8 bilhões para colocar no
caixa do Estado e pagar a folha, tirando portanto uma poupança”, rebateu a
petista.
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